terça-feira, 15 de março de 2011

Sábado de sol

Tudo aconteceu em uma sala grande, do tamanho de meio campo de futebol. Era impressionante o número de palavras proferidas em pouco tempo. Na platéia era possível se ouvir os grilos entre os mudos. Foram dispostas duas fileiras de mesas brancas, que em conjunto com as paredes de mesma cor transformavam o ambiente, que era para ser aprazível, em uma cela de manicômio.

A única cor diferente do alvo eram os rostos, mas estes à medida que se aproximavam de um ponto especifico da sala ficavam pálidos de tensão e medo. Este ponto era responsável por toda a questão. Eram 137 falando para 137, mas a matemática não fechava, não batia, o resultado era sempre um, agradar um, ser notado por este um.

As estratégias de bajulação eram inúmeras. Elas iam muito além dos elogios verbalizados. Os astutos postaram-se ao entorno do ente, e frisavam: - o importante é ser notado. Havia ainda os que ficavam anotando sem parar, porque o negocio é mostrar interesse.

Mas pairava a dúvida: o que pensava o rei ao olhar seus súditos. Sentado, com feição seria e compenetrada, o tempo todo com as mãos hasteadas apoiadas ao queixo. Sua mão só deixava o rosto para bebericar na xícara de café. Ao ouvir os floreios sobre sua pessoas - nada. Os conselheiros da corte, invariavelmente lançavam olhares sobre a magestade, a fim de entender suas indecifráveis feições.

Os ferreiros, mensageiros, cavaleiros, comerciantes, camponeses, o xerife e sua equiepe, até mesmo quem guiava as carruagens reais estava lá. O feudo estava em crise. A solução: todos no calabouço branco forçados a se entender. Mas e o rei, será que ele entendia? Será que ele sabia o que fazer?

Um comentário:

  1. Notei várias semelhanças com uma realidade que conheço, apesar do texto ficcional. Aliás, belo texto. Também estou com um blog. Se quiseres dar uma olhada: http://liquidificaneuronios.blogspot.com.br.

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